Quando os ônibus param nos pontos, não há espaço para transitar. Quem tenta acaba correndo o risco de sofrer acidentes.
A sensação de insegurança é inevitável ao trafegar na Rodovia Renê Benedito Silva (SP-274). A estrada estadual que corta a cidade de Itapevi, e liga o município à São Roque, está sendo classificada pela população como “Rodovia da Morte”.
Isso porque não passa um fim de semana que não aconteça um acidente grave, principalmente no trecho que atravessa a área urbana do município.
A rodovia passou por uma reforma e recentemente foi liberada para uso da população, porém a insegurança é visível. Não há faixas de pedestres ou redutores de velocidade. Postes ainda não foram realocados pela Eletropaulo e em muitos trechos estão literalmente no meio da pista, como mostram as imagens.
Em uma recente inauguração de obras do Estado na cidade, o deputado João Caramez, que integra a Comissão de Transportes na Assembléia Legislativa, e é um dos responsáveis pela obra na rodovia, disse que o governo está entregando uma das rodovias mais seguras do estado. “Pessoas pequenas tentam diminuir a importância de obras grandiosas do estado”, disse o deputado, fazendo crítica aos que denunciam a falta de segurança na rodovia.
Rodovia insegura
“Pessoas pequenas tentam diminuir a grandiosidade desta obra”, disse do Deputado João Caramez (PSDB).
Talvez o parlamentar ainda não tenha trafegado na Renê Benedito, pois é impossível andar ali e não perceber que a estrada oferece inúmeros riscos aos motoristas e pedestres. Uma demonstração desse fato é o relatório da Secretaria Municipal de Segurança de Itapevi, que apresenta números alarmantes.
Dados oferecidos pelo SAMU, referentes aos meses de junho a dezembro de 2009, apontam a ocorrência de 312 acidentes de trânsito registrados nas vias públicas de Itapevi. Desses acidentes, 118 ocorreram nas rodovias estaduais dentro do município – rodovias Engenheiro Renê Benedito da Silva (SP-274) e PM Nelson Tranchesi (estrada da Roselândia – SP-29).
Outro relatório do órgão, que apresenta dados referentes a janeiro, fevereiro e março, aponta que no período foram registradas 38 ocorrências com 28 vítimas, somente na Rodovia Renê Benedito Silva. Destas, sete foram vítimas fatais.
Somente entre os dias 15 e 17 de fevereiro foram 6 ocorrências graves com 3 mortes. Moradores e comerciantes que moram em bairros próximos à Rodovia, relatam inúmeros casos de acidentes que presenciaram, e já classificam a estrada como “Rodovia da Morte”.
Veja alguns depoimentos sobre a insegurança na Renê Benedito:
“Quase morri em um acidente em uma das rotatórias mal feitas dessa rodovia. O motorista à minha frente resolveu de repente fazer uma conversão e freou. Eu não consegui desviar e bati a moto na traseira. Minha namorada que estava na garupa caiu e perdeu a consciência. Graças a Deus estamos vivos, mas já perdi muitos amigos nessa rodovia. Tem um que inclusive está em estado de coma, pois se chocou com uma dessas placas que colocaram na frente dos postes que estão no meio da estrada”, diz Cléber Silva Prado, morador do barro Jardim Santa Rita que sofreu acidente de moto em janeiro deste ano.
“Perdi meu neto de 20 anos nessa rodovia. Trabalho aqui há quase 30 anos e nunca vi tanto acidente acontecer em tão pouco tempo. A empresa que fez essa obra devia no mínimo ser processada, pois tem muita irregularidade. É só você andar por aí e perguntar para o povo o que eles estão achando dessa obra. Uma porcaria! Sem contar que nunca teve enchente aqui na frente da oficina, e agora qualquer chuvinha alaga tudo. Antes eu não tinha um rio aqui na porta, agora eu tenho”, conta Vanildo Francisco (Fofão), proprietário de uma oficina mecânica na margem da Rodovia Renê Benedito.
“As possíveis causas para o elevado número de ocorrências nessa rodovia podem ser desde a imprudência dos condutores, até a atuação ineficaz por parte dos responsáveis e às condições das pistas. Para se ter uma idéia, quando a polícia rodoviária é acionada para atender a uma ocorrência na rodovia, leva cerca de duas horas para chegar até o local”, pontua o secretário municipal de Segurança, Kléber Maruxo, ressaltando que a rodovia é de responsabilidade do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e que está sendo alvo de obras e ainda não possuí sinalização adequada.
Impasse com a Eletropaulo
Eletropaulo queria R$10 mil por cada poste retirado; governo brigou na justiça para não pagar. Mas quanto vale as vidas perdidas na rodovia?
Recentemente o governo do Estado venceu uma briga judicial contra a Eletropaulo. O motivo foi a retirada dos postes que estão no meio da pista da Rodovia. A empresa de energia queria cobrar cerca de R$10 mil por cada poste a ser removido e realocado. O estado se negava a pagar, e o impasse durou meses.
Enquanto isso os usuários a Rodovia tiveram que contar com a sorte para não colidir com os postes ou as muretas colocadas para protegê-los. Se cada poste custa R$10 mil, fica aqui a pergunta: Quanto vale uma vida?
Vereadores repudiam obras na Rodovia
Foi aprovada na Câmara Municipal uma moção de repúdio às obras na Rodovia SP-274. A moção foi proposta pelo vereador e presidente da Câmara, Marcos Godoy (Teco). “A moção reprova a reforma realizada pelo DER na Rodovia Engenheiro Renê Benedito Silva, do trecho entre a rotatória da COHAB até o bairro de Amador Bueno, tornando a rodovia muito perigosa, com pouquíssimos espaços tanto para ultrapassagens quanto para retornos”, disse o vereador.
O vereador Professor Paulinho também apresentou requerimento solicitando a presença do Diretor do DER (Departamento de Estradas e Rodagens), Gerson Sancinetti Oliveira, responsável pela reforma e ampliação da Rodovia, para esclarecer os problemas relativos à obra. “Essa solicitação se deve ao grande número de reclamações de munícipes que inclusive perderam entes queridos nessa rodovia pela falta de segurança. Estamos sim tendo dificuldades no acesso ao tráfego, com transtornos relativos à sinalização, canteiros, desvios e retornos”, esclareceu Paulinho.
Fonte- Jornal Alternativa
