Vereador Casagrande diz que está em “guerra” com Sônia Salvarani

Fotos:Cristina Yoko Kusano/Arquivo Itapevi Agora
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Transcrito do jornal Itapevi Agora nº 661 (13/10/2007)

Kazumi Kusano
Editor do Itapevi Agora

Cristina Yoko Kusano
Editora-assistente

Na sessão de terça-feira (9) da Câmara Municipal, a vereadora Sônia Salvarani, presidente municipal do PTB, tentou desmentir – em discurso feito da tribuna – a informação publicada pelo Itapevi Agora na edição de sábado passado (6), de que a volta ao seu partido do 1º suplente Júlio César de Moraes, o Julinho da Batista, que ocorreu no dia 5, tenha sido uma retaliação ao vereador Eduardo Sanches Casagrande, o Casão, que abandonou o PTB e filiou-se recentemente ao PRB.

Com a decisão sobre a fidelidade partidária tomada pelo Supremo Tribunal Federal (PTB) no dia 4, o PTB poderá pedir a perda do mandato de Casagrande, por ter saído do partido depois de 27 de março de 2007, e a posse de Julinho da Batista.

Quando Sônia Salvarani assumiu a tribuna, Casagrande saiu para o pátio para não ter que ouvi-la. Desde terça-feira, seu celular estava desligado. Mas no início da noite de quinta-feira (11), ele baixou a guarda e finalmente a redação do Itapevi Agora conseguiu conversar com Casão. Ele disse que está em “guerra” com Sônia Salvarani desde a campanha eleitoral do ano passado.

Caso-7850441Você tinha mesmo rompido com a Sônia?
— Com certeza. O que vocês escreveram no jornal está certo. Depois ela deu uma de “miguel” na Câmara – respondeu Casão.

O rompimento começou por você não ter apoiado a campanha para a reeleição do deputado estadual Campos Machado, certo? Você apoiou o vice-prefeito Jaci Tadeu (PMDB) para estadual e o Vadão Gomes (PP) para federal.

— Isso. Começou por aí, né. Começou a guerra. Eu apoio quem eu quiser, eu tenho a minha livre escolha. Eles quiseram que eu apoiasse e ficou nessa bagunça.

Julinho foi procurado pelo PTB — No discurso que fez na Câmara Municipal, Sônia Salvarani afirmou: “Não houve nada do que está escrito neste jornal. Eu não procurei o ex-vereador Julinho da Batista para se filiar ao PTB, foi o contrário, foi ele quem me procurou. Então eu aceito que volte para o partido e, desde que a nossa comissão provisória concorde, nós aceitamos. Mas eu não fui procurar ninguém.”

Mas a redação do Itapevi Agora conseguiu conversar com Julinho da Batista também no início da noite de quinta-feira (11). Ele confirmou que por volta das 16h00 do dia 5 (sexta-feira), último dia para filiação partidária, foi procurado pelo ex-vereador Paulo Rogiério de Almeida, o Professor Paulinho, ex-secretário municipal de Educação. Na qualidade de emissário do PTB (partido ao qual se filiou recentemente), Paulinho falou em nome de Sônia; de seu marido Jurandir Salvarani, secretário municipal de Governo, que também está no partido; e da prefeita Ruth Banholzer (PT).

Já era de amplo conhecimento público a decisão tomada na véspera pelo Supremo Tribunal Federal sobre a fidelidade partidária, que concedeu uma espécie de anistia aos políticos que retornam aos partidos pelos quais foram eleitos e possibilita a cassação do mandado daqueles que saíram depois de 27 de março deste ano.

Por volta das 18h00, Julinho da Batista foi levado pelo Professor Paulinho à casa da prefeita Ruth Banholzer, no Condomínio Nova São Paulo, onde se reuniu com ela e com Jurandir Salvarani, recebendo oficialmente o convite para voltar ao PTB. Terminada a reunião, Jurandir telefonou para a Sônia comunicando o sucesso da reunião e Julinho também conversou com ela.

Até a véspera (4), Julinho da Batista – então filiado ao PSDB — fazia juras de fidelidade ao grupo do deputado João Caramez, arrependido das mudanças erráticas em sua trajetória política, da situação para a oposição e vice-versa.
Julinho se contradisse. “Foi tudo assim de repente”, disse ele, para em seguida justificar que foi para o PTB porque “a maioria dos evangélicos” está nesse partido. Atualmente, Julinho freqüenta a Igreja “Bola de Neve”.

Nas eleições de 2004, na coligação que apoiou a então candidata a prefeita Ruth Banholzer, ficou como 1º suplente do PTB, com 705 votos. Mas no final de fevereiro de 2005, como Ruth não cumpriu a promessa de nomeá-lo secretário municipal de Esportes, procurou o deputado João Caramez com uma denúncia gravíssima – a de que ele e seu pai, Joaquim de Moraes, tinham recebido um cheque de R$ 4.000,00 de Aurora Bortolini da Silva, mulher do então candidato a vice Jaci Tadeu da Silva, para pagar 200 cabos eleitorais (a R$ 20,00) que fizeram boca-de-urna nas eleições de 3 de outubro de 2004.

Por isso, a prefeita Ruth, o vice Jaci, Aurora, Joaquim de Moraes e Julinho da Batista respondem a processo no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) por crime eleitoral. No dia 27 de novembro, os cinco terão que comparecer a uma audiência na 2ª Vara Judicial de Itapevi, para dizer se aceitam ou não a proposta de “transação penal” do Procurador Regional Eleitoral. Quem aceitar prestar serviços à comunidade por quatro meses, livra-se do processo. Os que não aceitarem continuarão respondendo ao processo, podendo ser condenados a pena de detenção de seis meses a um ano e multa de R$ 8,7 mil a R$ 26,2 mil.

Casão quis voltar para o PTB – Na sessão da Câmara Municipal de terça-feira (9), Sônia Salvarani revelou que o vereador Eduardo Casagrande a procurou na manhã de domingo (7), em companhia da mãe, Manuela, e pediu para voltar para o PTB. Se o retorno fosse aceito, ele ficaria livre da possibilidade de perda do mandato. Casão ficou muito irritado com a revelação.

“Eu conheço o vereador desde criança, sou muito amiga da família, muito amiga da mãe dele, até considero muito a dona Manuela e nós nunca tivemos nenhum contratempo. Nunca fiquei chateada, magoada ou brava com ele porque saiu do partido. É um direito que lhe assiste. O vereador Casagrande me procurou no domingo pediu para voltar para o partido, o que está sendo objeto de estudo pelos membros do partido, pelos pré-candidatos e pela Comissão Estadual do partido”, disse Sônia.

Os fatos mostram que Sônia Salvarani, presidente municipal do PTB, usou dois pesos e duas medidas. Ela aceitou por telefone o retorno de Julinho da Batista, enquanto a volta de Eduardo Casagrande teria que ser submetida à Comissão Provisória Municipal, aos pré-candidatos e à Executiva estadual.

“Cada vereador tem o direito de sair ou ficar do meu partido. Eu nunca pedi para quem quisesse sair do meu partido para que ficasse. Cada um é dono do seu destino. Cada um faz aquilo que é melhor para si. Quando o vereador Casagrande apresentou sua carta pedindo a desfiliação, eu não disse nenhuma palavra”, afirmou Sônia.

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