Instituto MAS avalia seis meses de governo dos prefeitos

O Instituto MAS fará no começo do próximo mês uma nova pesquisa para avaliar a percepção dos moradores da região oeste sobre a atuação dos prefeitos que assumiram o mandato no começo de 2017.

O objetivo é ter uma segunda análise de outro período marcante do início de governo: os seis meses.

Em abril, o instituto perguntou para os moradores a avaliação sobre os 100 primeiros dias das gestões de Osasco, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Cotia, Barueri, Santana de Parnaíba e Pirapora do Bom Jesus, além de Araçariguama e Vargem Grande Paulista. Todas as cidades serão novamente avaliadas.

“Temos para um início de mandato três marcos significativos: os primeiros 100 dias, os seis meses de mandato e tem o final de dezembro e começo de janeiro que completa o primeiro ano. O objetivo é avaliarmos os governos e também se os prefeitos têm cumprido as expectativas da população”, explica o cientista político Marcos Agostinho, proprietário do Instituto MAS.

O levantamento, que trará os quesitos ótimo, bom, regular, ruim e péssimo, ajudará também a analisar como o atual cenário pode refletir na eleição de 2018, a pouco mais de um ano do pleito para deputado estadual e federal.

“Estamos na véspera das eleições de 2018. Em meio a tantas incertezas, inclusive quanto às regras da eleição, temos uma convicção: quanto maior o índice de aprovação desses prefeitos maior e melhor a capacidade de transferência de votos”, enfatiza Agostinho. “Via de regra, os deputados federais e estaduais são oriundos dos municípios, e os principais candidatos ou são apoiados pelos atuais prefeitos ou são adversários desses prefeitos, ou são eles próprios ex-prefeitos”, completou.

O levantamento também abordará qual o principal problema das cidades e qual atitude dos gestores têm sido a mais eficiente, na opinião dos moradores. Além disso, o Instituto MAS pretende iniciar transmissões ao vivo para, periodicamente, fazer um bate papo para analisar o cenário político regional.

MUDANÇA EM BARUERI

A análise sobre 2018 já pode apresentar os primeiros traços tendo em vista o primeiro levantamento feito sobre os 100 dias de governo. De acordo com Marcos Agostinho, Barueri vive uma realidade diferente dos mandatos anteriores do atual prefeito Rubens Furlan (PSDB), que pela quinta vez está à frente da prefeitura.

Após deixar o governo com uma aprovação de 96,6%, segundo a Engrácia Garcia –  Pesquisa de Mercado & Opinião, publicada em 13 de abril de 2011, no jornal Diário da Região, a primeira avaliação pelos moradores mostra um índice de 45,1% e 16,4% de desaprovação.

“A principal beneficiária dessa aprovação, nas eleições de 2018, chama-se Bruna Furlan. Se fosse hoje a eleição, a capacidade de transferência de voto seria de 45%, mas nunca se transfere a totalidade, se não o [Carlos] Zicardi, apoiado por Furlan, teria sido eleito em 2012”, afirma Agostinho.

Com isso, caso a tendência não se altere, Bruna pode ter pela segunda eleição seguida uma queda no total de sua votação, apesar de seguir forte no páreo.

Furlan foi eleito com 84% dos votos e, para Agostinho, atualmente ele não conseguiria repetir o resultado, que foi impulsionado pela característica de que seria o retorno para o que estava certo, tendo em vista a administração mal avaliada do ex-prefeito Gil Arantes (DEM).

“A população está atenta a outros fatores. O que isso significa, quais os motivos dessa queda? A política não se faz mais como se fazia antes, as mesmas formas não se mostram tão eficazes como se ficava, não é possível governar mais com promessas”, afirma.

“A quantidade de votos foi pela capacidade e esperança, mas também de frustração contra o Gil Arantes que sequer disputou. O próprio desgaste do PSDB [no cenário nacional] dificilmente vai deixá-los de fora dessa frustração”, reforça.

“A somatória de frustração e uma administração que não conseguiu resolver em curto espaço de tempo os problemas, o cenário econômico que talvez impeça que tenha a mesma pujança dos anos anteriores, somado a essa frustração que o PSDB impôs à população, pode vir a contribuir não para o impedimento da reeleição da Bruna, mas talvez seja com um número menor do que foi a primeira e a segunda vez”.

Parnaíba na frente

Em levantamentos realizados pelo Instituto MAS há mais de 25 anos, o ano de 2017 começa com uma mudança na avaliação das melhores administrações. O governo que teve a maior aprovação para os entrevistados é o de Santana de Parnaíba, onde Elvis Cezar (PSDB) foi o único reeleito. Foi a primeira vez que o município ultrapassou Barueri no quesito.

A situação reflete algo já visto ano passado, quando o tucano foi o único a conquistar a reeleição.

“Dos oito prefeitos do Cioeste (Consórcio Intermunicipal da Região Oeste), seis teriam direito de disputar a reeleição. Desses apenas o Elvis se reelegeu. Três renunciaram ao direito de disputar a reeleição”, relembra Marcos, sobre o fenômeno parnaibano. O tucano teve nos primeiros 100 dias de mandato 49,5% de bom ou ótimo, ante 18,4% de ruim ou péssimo.

“Alçou pela primeira vez nos últimos 25 anos uma administração de Santana de Parnaíba, ela tem a melhor avaliação das oito cidades da região oeste. Antes, Barueri é que se colocava em primeiro lugar. Hoje, há uma melhor avaliação do que de Barueri”, ressalta. “Denota que o município de Santana adquiriu um perfil que outrora pertenceu a Barueri, perspectiva de crescimento, atração de indústria, de inovação”.

Cotia tem a pior avaliação

Na contramão, entre as oito cidades do Cioeste, a pior avaliação ficou com a gestão de Cotia, onde Rogério Franco (PSD) teve 51,4% de ruim e péssimo, enquanto a aprovação ficou na casa dos 12,3%. Agostinho aponta que o processo tumultuado da eleição de 2016 pode ter influência nessa rejeição.

“Quinzinho Pedroso (PSB) ao ser impedido perdeu, mas por 1% dos votos. Se o o ex-prefeito disputasse sem questionamentos, fatalmente Franco perderia”, afirma. Quinzinho teve a candidatura barrada pela Justiça Eleitoral de Cotia no meio da disputa eleitoral, mas reverteu a decisão no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), apenas depois da votação.

Além disso, Agostinho cita o fato de Franco ter sido o candidato apoiado pelo ex-prefeito Carlão Camargo (PSDB). “O Rogério Franco se elegeu com apoio do Carlão com uma administração com índice muito baixo, muito similar ao de agora. E o Rogério não poderia ser oposição pelo apoio do Carlão, e não poderia ser situação, porque se ligaria a ele cada vez mais. E assumiu a administração, mas não está conseguindo agradar”.

Ele aponta um fato curioso. “Na essência é uma administração tucana, pois tem o vice Almir Rodrigues (PSDB) e o apoio do ex-prefeito Carlão Camargo (PSDB), apesar de Franco ser do PSD. Num extremo e no outro o melhor [Elvis (PSDB)] e o pior governo, são tucanos”. 

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