Enxurrada de lama e pedra inunda casa da Chácara Santa Cecília.

Transcrito do jornal Itapevi Agora nº 679 (23/2/08)Cristina Yoko KusanoEditora-assistente do Itapevi Agora

descaso_4-7182261Com a tempestade que desabou no inicio da noite de domingo (17), fortes enxurradas desceram pela rua do oceano (recentemente asfaltada pela prefeitura) e pela estrada da pedreira, no Jardim Briquet, e invadiram varias casas da rua dos marinheiros.
A torrente de água ficou represada em um corredor, onde atingiu cerca de um metro de altura, derrubou um muro e inundou a casa nº 25 da rua dos Marinheiros, de Nair Timóteo Martins Leme, 48 anos, e de seu marido João Manoel Leme, 50 anos, que está preso a uma cadeira de rodas porque sofreu dois derrames cerebrais, alem de ter problemas cardíacos. A pequena Júlia, de um ano e dois meses, neta do casal, foi salva por vizinhos num carrinho de bebê, com a água até o pescoço.
O problema todo foi causado porque a Secretaria Municipal de Obras asfaltou a rua do Oceano e está preparando a pavimentação da Estrada da Pedreira sem construir galerias de águas pluviais, para escoar as águas das chuvas. A prefeitura limitou-se a levantar, com pedras grandes, um muro de arrimo com cerca de um metro de altura, na esquina da Estrada da Pedreira com a rua dos Marinheiros, para proteger um barranco. Mas como ficou no nível da rua, a enxurrada passou por cima e invadiu as casas, arrastando lama e pedras da Estrada da Pedreira, que tinha recebido cascalhamento.

A enxurrada desembocou primeiro no terreno do construtor Laércio Vieira de Souza, 42 anos, na esquina da Estrada da Pedreira com a rua dos Marinheiros. Depois invadiu o quintal da casa de Vânia Aparecida Brito da Silva Rita, no nº 9 da rua dos Marinheiros, onde a água ficou represada no corredor ao lado do muro que dividia sua casa com a de Nair Timóteo.

Vendo o nível de água subir, Vânia entrou no corredor inundado tentando encontrar uma maneira de fazer com que ela escoasse, pois já estava quase entrando pela janela de seu quarto.

descaso_1-7061241Na casa de Nair, onde também moram suas filhas Regina, Rosane e Rosemeire e cinco netos (com idade entre 1 a 5 anos), a água enlameada e com pedras atravessou o portão e desceu pelas escadas. Nair e as filhas foram para rua, procurando uma solução, deixando em casa as crianças e “seu “ João que está preso à cadeira de rodas.

De repente, o muro que dividia as casas de Vânia e de Nair não Agüentou a forte pressão da água represada e desmoronou. A avalanche de água invadiu a casa de Nair, derrubou móveis e até arrastou dois botijões de gás vazios da cozinha para um dos quartos.

“Foi um terror! Meu pai estava deitado no sofá e precisamos tirá-lo rapidamente de lá porque a água subiu cerca de 70 cm. As crianças ficaram com a água até o pescoço, perdemos mantimentos, roupas e móveis “, disse Regina Aparecida Timóteo Martins Leme.

Vizinhos salvaram a pequena Julia, filha de Regina, de apenas um ano e dois meses, que estava no carrinho com água até o pescoço, e as outras quatro crianças. “Seu” João também foi socorrido pelos vizinhos Anderson e Willian, que o carregaram para a cozinha e o colocaram sobre uma tábua, em cima da pia.

Vânia Aparecida Brito disse que os agentes da Defesa Civil que foram ao local alegaram que não poderiam fazer nada, por se tratar de terreno particular, e recomendaram que os moradores procurassem o jornal Itapevi Agora, argumentando que, se a denúncia fosse publicada, o problema seria resolvido mais rapidamente pela prefeitura.

De acordo com Nair Timóteo, assim que soube que a reportagem do Itapevi Agora tinha sido acionada, o pré-candidato a vereador Silas Pinheiro (PRB, ex-PSL) pediu-lhe que ela não fizesse a denúncia, porque isso iria “prejudicar a imagem da prefeita Ruth”.

descaso_3-7193291A família de Nair Timóteo perdeu três guarda-roupas, três camas, um berço, um sofá, duas máquinas de costura, um tanquinho, roupas, mantimentos e recebeu da prefeitura 10 colchões, duas cestas básicas, 4 litros de cândida, 4 caixa de sabão e 4 pacotes de fraldas geriátricas tamanho P que mal serve em “seu” João.

Na tarde de quinta-feira (21), os operários da Secretária de Obras voltaram para colocar cascalho nos trechos da Estrada da Pedreira de onde a enxurrada tinha arrastado as pedras, apesar dos insistentes pedidos de dona Nair e outros moradores para não continuarem o serviço. “De que adianta colocar mais pedras sem canalização de água de chuva? Quando chover, todas essas pedras vão voltar para dentro da minha casa “ , disse ela, indignada.

Segundo os moradores, esta não é a primeira inundação. Laércio de Souza disse que a reclamação já tinha sido feita à Secretaria de Obras há dois meses, quando outra enxurrada de lama e pedras invadiu as casas.

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