Transcrito do jornal Itapevi Agora nº 757 (5/9/2009)
Editora Assistente do Itapevi Agora-Cristina Yoko Kusano
Foto-Reprocução/Cristina Yoko Kuzano
Por volta das 14h30 de quarta-feira (2), a Corregedoria da Policia Militar prendeu os soldados Alexandre Ribeiro do Nascimento, 35 anos e Marcos Alexandre Costa Oliveira, 36 anos, ambos lotados na 3ª Cia. Do 20º BPM/M, sediada em Itapevi, acusados de extorquir na véspera (dia1º) o comerciante Ednaldo José da Silva, 50 anos dono do bar do Pernambuco, situado no nº 594 da Rua Alphélia Josephina Simionato Moreno, Parque Suburbano.
Os dois soldados estão presos no Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo, e responderão o inquérito Policial Militar.
Pela manhã, o comerciante tinha denunciado os dois na Delegacia de Policia, onde registrou boletim de ocorrência. A prisão aconteceu na av. Rubens Caramez próximo ao “piscinão” do Parque Suburbano. Alexandre e Marcos foram presos pelos corregedores com nove trouxinhas de maconha, uma garrucha Rossi calibre 320, uma pistola Taurus ponto 40 carregada com 11 balas e 16 cartuchos deflagrados calibre 44.
O comerciante Ednaldo José da Silva relatou ao Itapevi Agora que, por volta das 21h30 de terça-feira (1º), estava na frente de seu bar, junto com dois fregueses, quando os dois soldados passaram com a viatura. Ednaldo, que abriu o bar há pouco mais de dois meses, comentou com os clientes que achava bom o patrulhamento da PM pelo local. Mas, de re- pente os PMSs retornaram com a viatura, desceram e apontaram suas armas para os três, que foram revistados. Os dois PMs estavam sem suas identificações em seus uniformes.
Eles perguntaram quem era o dono do bar e Ednaldo identificou-se. Sem mandado de busca e apreensão, os policiais invadiram o bar e o soldado Marcos começou a revistar o local. Ele revirou o balcão, o freezer e a geladeira e entrou no banheiro, onde disse ter encontrado o pote com trouxinhas de maconha e cápsulas deflagradas. O soldado ameaçou prender Ednaldo em flagrante por trafico de entorpecentes, mas ele afirmou que o pote com maconha não era seu.
Enquanto o soldado Alexandre ficou com Ednaldo, Marcos entrou na casa dele, que fica no s fundos do bar, revirou o banheiro entrou no pequeno quarto do casal. Ele revistou uma cômoda e disse ter encontrado uma garrucha na primeira gaveta onde também havia R$ 1 mil em dinheiro.
Indignado, Ednaldo foi para o quarto junto com o soldado Alexandre e chamou um dos fregueses para ver a arma, mas marcos impediu-o e gritou dizendo que o problema teria que ser resolvido apenas com o dono do bar.
“E ai, o que o senhor vai fazer?”, teria dito Marcos, segundo o comerciante.
“Não vou fazer nada, vocês são policiais”, respondeu Ednaldo.
“Mas você tem que fazer alguma coisa”, insistiu o policial.
“Eu vou levar este dinheiro aqui”, teria dito Marcos, referindo-se ao valor encontrado na gaveta.
Ednaldo pediu para ele não levar o dinheiro, que estava guardando para pagar o aluguel R$ 400,00, que venceria hoje (sábado, 5). E algumas contas.
“Eu vou levar este dinheiro e às 14h00 de amanhã quero mais R$ 5 mil”, teria dito o soldado Marcos.
“Você não está vendo as minhas condições?”, argumentou Ednaldo.
“Se vira. As duas horas de amanhã quero mais R$ 5 mil, se não a gente te leva preso”, teria ameaçado o soldado Alexandre.
“Vou ver se consigo arrumar”, disse Ednaldo.
Os policiais combinaram o local para o recebimento do dinheiro, que seria próximo ao “Piscinão” do Parque Suburbano, e disseram que devolveriam os R$1mil que tinham levado. Eles pegaram o numero de celular de Ednaldo e foram embora.
Ednaldo não conseguiu dormir naquela noite. Na manhã de quarta-feira (2), resolveu registrar boletim de ocorrência na Delegacia de Itapevi. “Eu não tinha o dinheiro que eles queriam e pensei: ’seja o que Deus quiser’. Se ficasse preso, paciência”, disse Ednaldo ao Itapevi Agora.
Quando o boletim de ocorrência estava sendo elaborado, Ednaldo recebeu em seu celular uma ligação do soldado Marcos, cobrando os R$ 5 mil. Ele disse ao policial que estava arrumando o dinheiro e que a entregaria no local combinado.
O delegado Lincoln Amorim Kunisawa comunicou o fato a Corregedoria da Policia Militar. Um tenente foi à Delegacia de Policia e tudo indica que foi ele que comandou a prisão de Marcos e Alexandre. Alem dele, policiais militares da Força Tática do 20º BPM/M participaram da ocorrência.
Edinaldo seguiu para o local combinado em uma das três viaturas da PM, uma Blazer e dois Corsas. Antes do local combinado ele desceu e foi caminhando ao encontro de Alexandre e Marcos, que estavam com trajes civis e o aguardavam dentro do Monza Classic SE cinza, placas BNT-8081, ano 88, que pertence a Marcos. Alexandre estava ao volante e marcos no banco de trás.
O comerciante disse a Alexandre que tinha conseguido apenas R$ 100,00. Os PMSs ficaram irritados e disseram que queriam os R$ 5 mil. Marcos mandou Ednaldo entrar no carro, mas ele negou-se.
Nesse momento, apareceram os policiais da Corregedoria da Policia Militar, que prenderam Marcos e Alexandre
Os dois soldados foram autuados em flagrantes pelo delegado Lincoln Amorim Kunisawa por porte ilegal de arma de fogo e indiciados pelos crimes de concussão e prevaricação. De acordo com o Código Penal, concussão é “exigir para si ou para outrem, direta ou indiretamente, (…) vantagem indevida” e prevaricação “retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal”.
Os dois boletins de ocorrência registrados foram encaminhados à Corregedoria da Policia Militar pelo delegado titular Lupércio Antonio Dimov.
