Fonte e Foto – Jornal Alternativa
Dia 15 de janeiro, noite de sexta-feira em Itapevi. O comércio noturno está agitado como ocorre em todas as semanas. As pessoas se divertem em bares e casas noturnas da cidade que, apesar da Lei Seca (Lei 1.530), aprovada no município, funcionam normalmente após as 22h. A lei determina que não pode ser vendida bebida alcoólica nos estabelecimentos após as 22h. Também não é permitido emitir som em volume alto sem estrutura acústica adequada.
Segundo testemunhas, no conhecido Bar da Dora, houve uma fiscalização pesada. Dora, proprietária do estabelecimento, disse que o comandante da PM Capitão Moitinho chegou e gritou: – “A senhora sabe que tem lei seca? Levanta todo mundo com as mãos pra cima! Todo mundo pra fora! Agora. Vai, vai, vai…”, descreve ela. Segundo a comerciante, deu a impressão que todos eram bandidos. “Pelo menos este tratamento foi muito violento”, frisou. “Não havia necessidade. Existiam pessoas idosas na casa”.
Dora, disse ter reclamado com o comandante, pois, as pessoas ainda não haviam pagado as contas. “Ele pediu paciência que logo a vistoria fosse feita, as pessoas retornariam para pagar, mas depois, um por um saia e ninguém pagou, deixando um prejuízo de mais de R$ 600 reais”, reclama.
Comerciantes de outros estabelecimentos também reclamaram da ação da PM. Somente no dia 15 de janeiro foram fechados 12 bares. Uma comissão formada por comerciantes donos de bares restaurantes e casas noturnas está sendo formada para defender o comércio noturno. Os organizadores alegam que as autoridades estão cometendo excesso de autoridade e que o respeito deve ser mútuo, por isso a necessidade de uma entidade que defenda a categoria.
Comandante se defende
Moitinho, disse que Dora mente, e tudo foi acompanhado por autoridades municipais. “Não é verdade. Eu falei para um por um que voltasse lá e pagasse a conta. Ela inclusive me disse que estava tudo certo”, rebate o capitão. “Ela sabia que estava errada, o bar estava aberto à 1h30 da manhã. Ela correu o risco! A ação foi acompanhada pela GCM e Conselho Tutelar”, relatou o comandante.
Ele disse ainda que a abordagem da polícia foi a padrão. “A gente chega e pede para o pessoal sair. Quando ninguém sai temos que falar mais alto. Mas isso não quer dizer que houve abuso de poder. Tem algumas ocasiões que exigem uma postura mais rígida”, justifica.
Moitinho diz que não é contra o comércio, mas não pode admitir o auto índice de tráfico de entorpecentes que existe na cidade. “As ações são preventivas, e sabemos que é a noite, nas imediações desses locais que acontece esse tipo de crime”, explica.
Para ele, a defesa da paz e tranquilidade do cidadão vem em primeiro lugar. “Se for para garantir o sossego do trabalhador, zelar pela sua segurança e garantir que ele chegue em casa e consiga dormir tranquilo, eu vou trabalhar incessantemente. Eu prefiro errar por excesso do que por omissão”, finaliza.
Além disso, disse que não vai admitir máquinas caça-níqueis na cidade e fará ações para barrar a “contravenção” que faz refém “chefes de família” que gastam todo o salário em jogos.
Queda no movimento
Segundo relatou uma funcionária do bar, o pânico foi geral. “Na minha opinião não havia necessidade de tudo isso. A postura da polícia, a forma de tratar as pessoas. Sem contar que multaram todos os carros na porta do estabelecimento. O cliente não volta mais. Vocês voltariam?”, perguntou.
Ainda, segundo a funcionária de Dora, Andréia, não existia policial feminina, pois, tinha mulheres no local. “Sem contar que tinha um senhor de idade aqui, com dificuldade de se levantar, sofreu a maior agressão verbal. Seguir a lei tudo bem, queremos, mas bagunçar a casa assim, fica chato né?”, desabafou.
Agressão e Boletim de Ocorrência
Marco Aurélio Romma, estilista e morador antigo, bastante conhecido na cidade, registrou um boletim de ocorrência, acusando a equipe do Capitão Moitinho, de “agressão”. Segundo ele um dos PMs o teria agredido chegando até a rasgar sua camisa. Ele registrou boletim de ocorrência na delegacia de Itapevi e realizou exame de corpo e delito, que acusou agressão física.
“Sou morador dessa cidade desde que nasci. As pessoas só estavam se divertindo e a polícia chegou querendo fechar os estabelecimentos. Entendo que a lei deve ser cumprida, mas nada justifica abuso de autoridade. A cidade precisa ter espaco para o jovem se divertir”, reclama Marco Aurélio.
Segundo o Capitão Moitinho, não ouve abuso na operacão, e ele não foi informado de que algum de seus homens tenha realizado o ato e agressão, mas promete averiguar. “A regra na PM é clara, se houve abuso, iremos investigar e o polici
al será punido”.
Até o fechamento desta edição não foi localizado o boletim de ocorrência citado por Marco Aurélio. Por meio de entrevista por telefone ele relatou ter feito o B.O. e tomado as providências cabíveis.
À 1h00 da madrugada uma operacão da polícia está prestes a iniciar, com um efetivo de cerca de 20 viaturas num trabalho conjunto entre as polícias Civil, Militar e Guarda Municipal, acompanhados de agentes do Conselho Tutelar, Demutran e Fiscais. Por volta da 1h30 da madrugada, uma rua é bloqueada e ninguém pode entrar ou sair num raio de 500 metros. Bares começam a ser esvaziados e as pessoas revistadas. A polícia procura armas e drogas, e autua os comerciantes que estão vendendo bebidas alcoólicas.