“Itapevi está caminhando para ser uma grande cidade, mas ainda precisa vencer muitos desafios”

Bolor2011O ano no  legislativo itapeviense só começará a partir de fevereiro, mas o vereador eleito presidente da Casa para o biênio 2011/2012 já está no batente. Luciano Oliveira Farias (PV), o Bolor, recebeu nossa reportagem na última terça-feira, 18, para falar do processo transitório no cargo que assume na Câmara Municipal e também dos planos futuros à frente do legislativo.

Entre os assuntos pertinentes, Bolor falou sobre a conjuntura política entre o Legislativo e Executivo, sobre os projetos para 2011 e, como um bom membro do Partido Verde, sobre o meio ambiente na cidade. Confira!

“Estamos trabalhando para que nosso grupo tenha um candidato próprio nas eleições de 2012. O Partido Verde hoje mostrou que tem força política, e temos nomes fortes na cidade que podem representar nossa legenda”

 

“A questão do meio ambiente tem um grande desafio que é mudar a consciência das pessoas.  A Câmara tem dado sua contribuição para nossa sociedade e vai continuar atuante no desenvolvimento sustentável de Itapevi

 

“A Câmara Municipal está à disposição da população, como sempre esteve com o Teco e continua agora. Essa é a casa do povo”

 

Você foi eleito presidente da Câmara de uma forma um tanto inesperada, já que para muitas pessoas não havia essa candidatura, o que causou uma espécie de “racha” entre os vereadores. Isso tem causado algum transtorno no processo de transição na presidência da Câmara?

Em toda eleição existe um vencedor e um derrotado, mas acho que independente da conjuntura dos fatos, na inteligência política temos sempre que pensar no sentido da união, pois o principal é a atenção à população, atender às necessidades do povo da nossa cidade. Divergências políticas sempre existiram e sempre existirão, faz parte da administração pública. Hoje temos uma coesão entre o Legislativo e o Executivo, mas nunca deixando de lado nossa obrigação de fiscalizar o Executivo, e essa é uma função primordial, além de criar e votar leis, e isso é cumprido à risca pelo Legislativo de nossa cidade com toda a responsabilidade. A transição está sendo feita de forma tranquila. Estive conversando com todos os vereadores para apararmos possível divergências e termos uma administração tranquila nesses próximos dois anos.

Você presidirá a Câmara durante o processo eleitoral de 2012, que terá mudanças significativas, como o aumento do número de vereadores por exemplo, que pode ir à 21 cadeiras. Quais as suas expectativas para esse momento?

Isso já está sendo pensado agora. Teremos que fazer uma adequação na Lei Orgânica, para estabelecermos o número de vereadores e podermos adequar a Câmara para isso. Estruturar fisicamente e administrativamente, realizando concurso público para novas contratações, etc. Quanto ao período eleitoral, acredito que seja tranquilo, devido às alterações na legislação, que restringiu o uso de propagandas, e acredito que com isso os candidatos ficam em patamares próximos para competirem.

Você acredita em uma possível candidatura do PV à prefeitura?

Estamos trabalhando para que nosso grupo tenha um candidato próprio nas eleições para o Executivo municipal. O Partido Verde hoje mostrou que tem força política, e temos nomes fortes na cidade que podem representar nossa legenda. Temos dois vereadores do PV, além do vice-prefeito e do Secretário do Meio Ambiente. Temos o privilégio de contar com nomes fortes. Não dá para ignorar o fato de o Teco ter tido uma expressiva votação à deputado federal, com quase 42 mil votos, se mostrando uma liderança indiscutível na cidade. E temos o Jaci, vice-prefeito por dois mandatos e que está à frente da secretaria de Desenvolvimento Urbano, contribuindo muito com o desenvolvimento da cidade. Enfim, quadro nós temos de sobra.

Como avalia o momento político, social e econômico pelo qual a cidade está passando?

Nossa cidade era considerada uma cidade dormitório. Ainda é um pouco, mas está passando por uma mudança muito grande. Hoje Itapevi se tornou polo comercial da região. Vemos pessoas das cidades próximas fazendo suas compras aqui e participando da vida social da cidade. Sem falar nas grandes empresas que estão vindo para cá, como os sites de compras na internet Americanas.com e o Submarino. Agora com a construção dos galpões de logística, a Eurofarma, a Cacau Show, enfim, várias empresas que hoje levam o nome de Itapevi para os quatro cantos do país. E a Câmara Municipal teve uma participação muito grande em toda essa transformação do município. Nós votamos aqui vários projetos de incentivos fiscais, de mudanças de zoneamento entre outros benefícios para trazer melhorias para a cidade. A Câmara tem dado sua contribuição para nossa sociedade e vai continuar atuante no desenvolvimento sustentável de Itapevi.

Falando em crescimento sustentável, e como você é membro do Partido Verde, como ficam as questões ambientais frente ao desenvolvimento econômico da cidade?

A questão do meio ambiente tem um grande desafio que é mudar a consciência das pessoas. Eu quando vou ao supermercado, por exemplo, levo minha sacola para carregar as compras. Mas vemos que 99% da população não faz isso. Mas não adianta querer proibir as sacolas. Temos que realizar um trabalho de conscientização e educação ambiental. Nosso lixo é um outro exemplo. Ninguém separa o lixo reciclável. Temos condomínios enormes, temos a Cohab, o CDHU, o Nova São Paulo, o Refúgio dos Pinheiros, o Parque das Rosas, e a gente pode começar a conscientizar essas pessoas a separar o lixo. Nosso objetivo é ter uma escola de educação ambiental para que as futuras gerações cresçam com essa consciência.

Que ações podem ser implementadas e qual o papel do Legislativo nessa questão?

Temos inúmeros recursos que podem ser aplicados. A coleta do óleo para o Biodiesel por exemplo, é uma delas. Hoje algumas escolas recebem o óleo de cozinha, mas podemos ampliar isso e inclusive criar uma parceria com outras cidades para termos uma usina para processar esse material. A questão do entulho é outro exemplo. Com o aumento da renda da população nos últimos anos, e redução de IPI para compra de material de construção, sem contar os projetos habitacionais do PAC e etc, nunca se gerou tanto entulho de construção. E esse material é muitas vezes jogado em córregos ou terrenos baldios. Hoje há várias formas de reaproveitamento desse entulho e nossa cidade deve implementar urgentemente um plano para re

E com relação às áreas de APP (Áreas de Preservação Permanente)?

Há um projeto da prefeita Dra. Ruth de transformar algumas dessas áreas de APP em parques protegidos, oferecendo também uma área de lazer e educação ambiental para a população. Temos inúmeras áreas que podem ser trabalhadas, na divisa com Vargem grande, na divisa com Cotia. Todo o desenvolvimento desordenado causa problemas no futuro, e hoje vivemos problemas que foram gerados por más políticas públicas no passado. Na gestão da Dra. Ruth tivemos maior critério na liberação de condomínios, de áreas para loteamento. Não adianta você abrir as portas da cidade se não houver uma infraestrutura para atender a essa população. A questão do meio ambiente é um desafio muito grande.

Algumas ações vem sendo desenvolvidas na Secretaria do Meio Ambiente, não seria o momento de ampliá-las?

Com certeza. Tivemos aí a Semana de Proteção ao Meio Ambiente, que percorreu várias escolas levando informações à crianças e adolescentes. Houve o incentivo e plantio de diversas árvores entre outras ações importantes. Mas Itapevi precisa ter uma coleta seletiva de lixo. Precisa ter um programa permanente de educação ambiental, enfim, uma mudança de postura.

E a questão do trânsito?

A cidade crescendo, inevitavelmente algumas questões vem à tona, e esse problema do trânsito é uma delas. É um problema que atinge não só Itapevi, mas a grande maioria das cidades da região metropolitana de São Paulo. Precisamos remodelar o centro, incentivar o uso de meios de transporte alternativo, implementar melhorias no transporte público, e tudo isso passa por uma postura atuante de nossos vereadores, no sentido de cobrar, incentivar, chamar para a discussão em audiências públicas e efetivamente propor soluções. Temos uma série de desafios pela frente. Nos últimos seis anos aumentamos o orçamento em quase 300%, e isso é um combustível para investirmos cada vez mais em uma cidade que tem tudo para ser uma das mais bem desenvolvidas da região.

O incentivo ao uso de bicicletas, implantando ciclofaixas não pode ser uma alternativa?

Sim, o incentivo à transportes não poluentes é fundamental, tanto para a qualidade do ar como para o problema do trânsito. E isso é uma proposta que já está em andamento. Estive conversando com a prefeita na semana passada e ela comentou sobre projetos para começar a implementar ciclovias, inicialmente no centro, mas que depois se expandam para outras regiões. Há uma urgência que é a reurbanização de um trecho da Feres Naciff Chaluppe, ali próximo à Cohab. E para tornar essas áreas melhor utilizáveis é preciso que haja uma planejamento, fazer calçadas adequadas para as pessoas caminharem, ciclovias, iluminação pública, etc.

Mas não é só fazer leis, elas precisam ser cumpridas. Por exemplo, há uma lei de autoria do vereador Igor Soares, que obriga os comerciantes de produtos eletrônicos a realizar a coleta de lixo eletrônico como pilhas, baterias, e equipamentos em desuso, mas isso não é aplicado de forma efetiva.

É a questão da aplicabilidade das leis. Nesse caso eu havia sugerido que fosse criado um posto de coleta, na própria Secretaria de Meio Ambiente. Mas as pessoas precisam saber que esse serviço existe e que ao invés de jogar uma pilha no lixo, que vai liberar uma série de elementos químicos nocivos ao solo, ele pode levar para um local que dará a destinação correta desse resíduo.

Falando em conscientização e educação, o projeto Escola no Legislativo, criado na gestão do Teco, continuará a existir?

Isso com certeza, inclusive eu quero ampliá-lo. Essa questão da conscientização sobre questões políticas que envolvem a vida das pessoas é muito importante, e nada melhor do que começar desde cedo. Isso garante o interesse das pessoas em participar da vida política, garantindo que a democracia seja exercida de forma plena. Tivemos uma geração muito politizada nas décadas de 60, 70, e até início de 80. Dessa geração saíram os nossos líderes de hoje. O próprio Lula, o Fernando Henrique, o José Serra, a Dilma, enfim. Depois criou-se um vácuo nessa participação pública na política. Por isso a importância de um projeto como esse, que planta uma sementinha que vai germinar e render frutos lá na frente. Quero agora incluir, além das crianças, os adolescentes nesse projeto e também colocar em prática a Câmara Mirim, que é um projeto meu aprovado nesta Casa.

Que mensagem gostaria de deixar para nossos leitores e cidadãos de Itapevi?

Queremos continuar esses dois anos com o mesmo critério, com independência, para que a gente possa ter uma relação institucional muito forte com o Executivo. Nós do PV apoiamos o governo municipal da Dra. Ruth, e participamos desse desenvolvimento da cidade, com critérios e sempre prezando pelo desenvolvimento sustentável de Itapevi. Quero deixar claro que a Câmara está à disposição de todos os cidadãos. Queremos transformar essa Casa de Leis, além de um espaço político, em um espaço cultural também. Nós temos sessões às terças-feiras, mas podemos utilizar o espaço para abrigar exposições artísticas, palestras educacionais, enfim, queremos abrir realmente a Câmara para questões educacionais e culturais da cidade. A Câmara está à disposição da população, como sempre esteve com o Teco e continua agora. Essa é a casa do povo.

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