“A municipalização das políticas de emprego, trabalho e renda é a menina dos olhos da nossa cidade”

Jaci-Pinheiro1_Nosso primeiro Café com Personalidade do ano é com o simpático Jaci Pinheiro, que está à frente da Secretaria de Emprego e Desenvolvimento Social de Itapevi.

Casado há 19 anos com a também servidora pública, Maria de Lourdes (que já foi braço direito da prefeita Dra. Ruth Banholzer como secretária), e com quem tem uma filha, Jaci diz que a família é fundamental em sua vida. Nesta entrevista ele fala de sua trajetória sindical e da luta partidária pelo PT, e sobre sua relação com a atual administração municipal em Itapevi.

“Nós priorizamos um atendimento humanizado, porque acredito que o grande diferencial nas organizações é o ser humano. Procuramos criar aqui um ambiente saudável, tanto para quem trabalha como para as pessoas que são atendidas, e isso faz toda a diferença”

Como é o Jaci família?

Sou casado e pai de uma menina. Conheci minha esposa, a Maria de Lurdes, no movimento sindical. Ela era do sindicato dos trabalhadores de Cotia, que era uma subsede do sindicato no qual que fazia parte, e montamos uma diretoria regional e ela participou. Foi quando nos conhecemos e foi aquela paixão, aquela coisa toda e nós nos casamos e estamos juntos há 19 anos. Construí uma vida pessoal e familiar muito importante aqui em Itapevi. Para um homem, ter uma mulher guerreira ao seu lado, junto, na luta, isso é fundamental. Você começa a enxergar a sociedade de um modo diferente, principalmente quando temos um filho, uma filha no meu caso. Tudo o que você quer para o seu filho, você também deseja para as pessoas. Isso me amadureceu muito, e foi quando eu comecei a ter uma outra visão política, e a Lurdes me ajudou muito nisso.

Como iniciou sua vida profissional?

Nasci em Diadema. Somos em três irmãos. Iniciei minha vida trabalhando na área de material de segurança na indústria. Isso foi em 1986, e eu sempre tive uma atitude solidária no trabalho, de ajudar as pessoas, e eu sempre dava uma escapada do gerente e ia comprar lanche pro pessoal que trabalhava comigo e tal. Foi quando um dia apareceu lá o pessoal do sindicato, e solicitou que escolhessem alguém ali para participar do Acordo de Compensação de Horas de Trabalho, e havia uma comissão que iria fiscalizar os horários de trabalho dos funcionários. E na hora de fazer a eleição todo mundo escolheu o meu nome. Ai eu fui delegado sindical, mas eu era o maior puxa saco. Para mim era Deus, meu patrão e depois minha mãe. Porém, eu não imaginava que ele me explorava pra caramba, porque entrando no sindicato eu fui descobrir que não só eu, mas a maioria dos trabalhadores ganhavam menos do que o salário estipulado pelo sindicato. Aí quando a gente vê isso fica revoltado né. Aí abrimos um processo na justiça do trabalho, e o patrão teve que pagar a diferença salarial de todo mundo, e nisso eu adquiri confiança tanto do sindicato quanto dos funcionários.

E esse foi o impulso para entrar para a vida política?

Com certeza. Eu já estava envolvido em algumas atividades do PT de Diadema na época, mas com o sindicato, através da disputa econômica e trabalhista, me trouxe mais para a política ainda. Eu passei a participar mais organicamente da vida política. Na época participei de um grupo dentro do partido que era como se fosse a esquerda da esquerda. Aquela história de fazer a revolução socialista e tal. Nos reuníamos para discutir Karl Marx, Trotsky, Lenin e etc. A ditadura ainda era uma coisa recente no país nessa época. Então tive uma formação muito ideológica. Isso teve um lado bom, da conscientização, mas por outro lado acabava fazendo uma disputa ideológica na sociedade e não política. Depois dessa fase, eu acabei mudando minha visão prática da política, e percebi que para a ação efetiva na sociedade, temos que tem uma postura de negociação, de alianças com outros partidos e etc. Foi um momento muito rico na minha vida.

E quando você veio morar em Itapevi?

Foi quando eu me casei. Aí eu mudei para Itapevi em 1992, e cheguei na cidade bem no meio de um processo eleitoral. Já tinha vindo para Itapevi no ano de 1988, quando o prefeito na época queria expulsar um vereador do PT daqui, que era o Fláudio, e viemos de Diadema para cá para defender o nosso vereador. Eu nem imaginava que viria para cá depois.

Você chegou a participar ativamente dessa disputa eleitoral na cidade?

Sim, quando cheguei aqui eu me liguei ao PT local, conheci o Fláudio e outras pessoas ligadas ao partido. Lembro que na época o João Caramez queria juntar todos os partidos para apoiar sua candidatura contra o prefeito na época. E eu fui radicalmente contra, porque no grupo que ele estava montando era composto, entre outros partidos, pelo PFL. E eu tinha mudado, mas não tinha mudado tanto (risos). O PT acabou não participando, e tivemos a candidatura na época do Fláudio. Depois eu me tornei presidente do PT em Itapevi e nós fomos articulando a vida política do partido.

Como foi a aproximação com a Dra. Ruth até chegar a fazer parte do secretariado dela?

Para nossa sorte, em 1999 o Fláudio me procurou dizendo que tinha uma pessoa para me apresentar, chamada Dra. Ruth. Fizemos uma reunião onde discutimos uma articulação para uma candidatura dela em 2000 à prefeita da cidade. A gente acabou conversando, tivemos uma empatia legal e depois veio a discussão da escolha do vice, e eu acabei sendo candidato com ela em 2000. E aí criou-se não só uma relação política, mas uma relação pessoal. Foi uma campanha muito bonita, perdemos por uma quantidade muito pequena de votos, e depois fizemos toda uma movimentação na cidade, com passeatas reunindo cerca de 15 mil pessoas. Eu disse para mim mesmo: essa mulher será prefeita dessa cidade.

 

A Secretaria de Emprego e Desenvolvimento Social tem se destacado pelo grande índice de recolocação profissional dos trabalhadores. Como é o trabalho realizado na Secretaria?

Quando chegamos aqui, uma das primeiras preocupações era com o atendimento ao público. Lembro que começamos a servir café para as pessoas que aguardavam na fila. Pode não parecer muito, mas para uma pessoa que está desempregada, muitas vezes com baixa auto estima, faz diferença. Nós priorizamos um atendimento humanizado, porque acredito que o grande diferencial nas organizações é o ser humano. Procuramos criar aqui um ambiente saudável, tanto para quem trabalha como para as pessoas que são atendidas, e isso faz toda a diferença. No ano passado recolocamos mais de 6 mil empregados no mercado de trabalho, e a equipe é muito importante nesse resultado.

 

Quais são os serviços oferecidos pela Secretaria e os planos para esse ano?

Por meio do sistema do governo federal, chamado SIGAE, temos a possibilidade de disponibilizar as vagas e fazer o encaminhamento dos profissionais. Aqui no PAT (Posto de Atendimento ao trabalhador), oferecemos qualificação profissional com diversos cursos oferecidos gratuitamente. Realizamos também a pré seleção, onde o candidato vai para a entrevista mais preparado. Outros serviços como emissão de carteira profissional e entrada em seguro desemprego também são oferecidos. Para esse anos estamos planejando implementar melhorias tanto na estrutura física quanto nos serviços. Queremos implementar o curso de informática gratuito para a população. Outro projeto que é a menina dos olhos da prefeitura é a municipalização do Posto, porque os município com menos de 200 mil habitantes dependem do intermédio com o governo estadual para fazer o convênio com o SINE, que é do governo federal, o que gera uma enorme burocracia, além de ficarmos reféns da boa vontade do Estado. Agora com o aumento populacional, de acordo com o senso do IBGE, Itapevi passa dos 200 mil habitantes e podemos fazer o convênio diretamente com o governo federal.

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